Rota Romântica
Era uma vez um lugar mágico, com castelos grandiosos, montanhas nevadas, rios de água cristalina… Certamente, todos já ouviram uma história infantil parecida com essa, não é? Mas o local, que parece ter saído de um dos livros de contos de fada do Nico, realmente existe e tem nome: é a Rota Romântica, no interior da Alemanha!
Nome da estrada de 460 km entre as cidades de Würzburg e Füssen, a Rota Romântica (ou Romantische Straße) passou a ser assim chamada por conta de uma ação de marketing de agências locais para estimular o turismo na região no pós-guerra. Ao todo, são 29 cidades com ares medievais e paisagens encantadoras que atraem milhões de turistas todo ano e que serviram de inspiração não só para artistas como também para Walt Disney.
A Rota fez parte da nossa viagem pela Alemanha, Áustria e Holanda entre os meses de maio e junho de 2017. É possível percorrê-la de carro, ônibus, trem (parando nas maiores cidades) ou até mesmo de bicicleta. O ciclismo, inclusive, tem se tornado cada vez mais popular entre os turistas que desejam explorar a região, graças às extensas ciclovias e pelos inúmeros benefícios desse meio de transporte. Como só tínhamos 5 dias para conhecer o local, optamos por fazer o percurso de carro, parando em 3 cidades (Würzburg, Rothenburg ob der Tauber e Füssen) e reservamos 1 dia para conhecer o parque de diversões Legoland. Vale destacar que não é preciso percorrer o trajeto inteiro pela Rota Romântica, já que as principais atrações são as cidades ao longo do caminho e não a estrada em si. Nós, inclusive, alternamos entre alguns trechos pela Rota e outros pela autoestrada (caminho mais rápido).
Vejamos, então, as principais cidades que visitamos nessa viagem:
Würzburg:
Por ser a primeira cidade da Rota Romântica (para quem vem do norte) e a mais próxima do aeroporto de Frankfurt, Würzburg foi o nosso ponto de partida na viagem. Ficamos três noites hospedados no excelente Grüener Baum, hotel localizado bem próximo ao centro e com um café da manhã maravilhoso, fazendo bate-voltas diários para os vilarejos próximos.
A cidade foi fortemente castigada pelos bombardeios aéreos na 2ª Guerra Mundial (estima-se que 85% das edificações tenham sido destruídas), mas hoje, após a reconstrução, não há mais qualquer resquício aparente deste passado sombrio. Pelo contrário, seu centro histórico é muito bonito, repleto de belíssimas igrejas e construções no estilo barroco.
Würzburg é cortada pelo rio Main e é justamente nas margens dele que a vida social da cidade acontece. Todo fim de tarde, centenas de pessoas se aglomeram na linda ponte Alte Mainbrücke (de 1473) e nos restaurantes no entorno para admirar o pôr do sol, geralmente degustando uma taça de vinho branco. O vinho, inclusive, é um dos grandes atrativos do local, sendo vendido em garrafas redondas e achatadas, típicas da região (existem várias vinícolas ao redor da cidade, que tem como carro-chefe a uva Silvaner). Principalmente na primavera e no verão, ocorrem diversos eventos na praça principal e nós tivemos a sorte de visitá-la justamente durante um festival de vinhos local chamado Weindorf Würzburg. Foi muito legal interagir com a população local, conhecendo um pouco dos seus costumes e hábitos enquanto passeávamos pelas diversas barracas de vinhos e comidas típicas. Ah, e um detalhe fantástico: em maio e junho só anoitece por volta das 23:00!
Além da antiga ponte e do centro histórico, as principais atrações turísticas de Würzburg são a Fortaleza de Marienberg, construção medieval localizada no alto de uma colina, e um lindo palácio do século XVIII chamado Würzburg Residenz. A cidade também abriga uma das mais importantes universidades da Alemanha, fundada em 1402.
Rothenburg ob der Tauber:
Cenário de todas as capas de revistas e matérias sobre a Rota Romântica, a pequena Rothenburg ob der Tauber (ou simplesmente Rothenburg) simboliza exatamente o que seria, no imaginário popular, um vilarejo de conto de fadas. A cidade mais bela e famosa da Rota é quase que um estereótipo da região da Bavária e serviu de inspiração para a Vila de Gepeto, no clássico Pinóquio da Disney.
Assim que passamos pelas imponentes muralhas já dá para ter uma noção dos encantos da cidade, com suas construções medievais e casas no estilo enxaimel, que hoje, em sua maioria, funcionam como lojas de souvenires e restaurantes. Vale prestar atenção nas lindas placas de ferro em cima das portas indicando o que é cada estabelecimento. Lá visitamos a gigantesca loja de itens natalinos Käthe Wohlfahrt e o seu Museu do Natal, abertos o ano inteiro. No quesito sobremesa, vemos por todos os lados confeitarias vendendo uma bolinha redonda coberta de chocolate chamada Schneeballen, doce típico da região (provamos e não achamos nada demais).
Dica: O suco de maçã na Alemanha é simplesmente maravilhoso. Na praça principal (Marktplatz) de Rothenburg tomamos o melhor suco da viagem em uma venda onde a bebida é feita em um antigo aparelho de prensa.
Fato curioso é que justamente a beleza de Rothenburg a fez ser poupada da destruição durante a 2ª Guerra Mundial. Após ter sido cercada por tropas aliadas (que deram um ultimato antes de começar o ataque), o comandante da divisão do exército alemão que protegia a cidade optou pela rendição para que o local não fosse bombardeado, ignorando ordens expressas de Hitler. Graças a esse momento de racionalidade das duas partes, podemos hoje apreciar um dos mais preservados vilarejos da Europa.
Füssen:
Na medida em que nos aproximamos de Füssen, a paisagem na estrada A7 vai mudando. Já é possível avistar os Alpes cobertos de neve ao fundo e percebemos, de imediato, aquele clima gostoso de montanha, totalmente diferente das demais cidades que havíamos visitado. Ficamos hospedados em uma GuestHouse chamada Maurushaus que, embora bem avaliada no Tripadvisor, não era muito o nosso estilo.
A cidade é bem pequena, com uma rua principal super charmosa. Mas é claro que apenas uma rua bonita não seria motivo para atrair milhões de turistas todos os anos. Então, o que há de tão especial em Füssen? Simples: é a cidade da Rota Romântica mais próxima do famoso Castelo Neuschwanstein. Isso mesmo! Aquele castelo espetacular no alto de uma montanha que teria inspirado Walt Disney na construção dos castelos da Cinderela e da Bela Adormecida (em Orlando e na Califórnia).
O castelo fica a cerca de 10 minutos de Füssen, no vilarejo de Hohenschwangau. O ideal é ficar hospedado em Füssen mesmo, por ter mais opções de hotéis e restaurantes, mas também é possível fazer um bate-volta a partir de Munique. Existem três formas de subir até o castelo: de ônibus (foi a nossa opção), de charrete ou a pé. Do local onde o ônibus deixa os passageiros ainda é preciso fazer uma caminhada de uns 15 minutos (um pouco puxada para crianças pequenas), mas todo o esforço é recompensado quando chegamos ao nosso destino final. O Nico ficou encantado em ver um castelo de verdade bem na sua frente! Sem contar que as vistas lá do alto são simplesmente deslumbrantes, sendo a ponte suspensa Marienbrucke o melhor lugar para tirar fotos.
Apesar de seu aspecto medieval, o Castelo de Neuschwanstein foi construído apenas no final do século XIX, a mando do Rei Ludwig II (que morreu antes de sua conclusão). Um pouco abaixo fica o também lindíssimo Castelo de Hohenschwangau, construído pelo Rei Maximiliano II (pai do Ludwig II), mas que acaba ficando um pouco ofuscado pelo seu vizinho mais famoso.
Dica: Caso queriam entrar nos castelos, aconselha-se comprar o ingresso com antecedência pelo site e depois retirá-lo no Ticket Center de Hohenschwangau no próprio dia. Os tickets terão horário marcado e deverão ser retirados 1 hora e meia antes da visita. Menores de 18 anos não pagam!
* Buscamos sempre reservar momentos de nossas viagens para fazer atividades mais voltadas para o Nicolas. Por isso, e também para dar uma “quebrada” no trajeto de 300 km entre Würzburg e Füssen, paramos no parque de diversões Legoland. O parque está localizado na cidade de Günzburg e fica a cerca de 1 hora de carro ou de trem de Munique. Com 8 áreas temáticas, trenzinho, castelo e cidades em miniatura, o Legoland nos surpreendeu muito positivamente. Apesar de não estar tão cheio no dia em que visitamos (as filas eram infinitamente inferiores as dos parques de Orlando, por exemplo), achamos uma tarde MUITO pouco para conhecer o local, que vale pelo menos 1 dia inteiro de visita. Em breve, faremos um post mais detalhado sobre o nosso passeio no Legoland.
Pra quem vai visitar a região com mais tempo, outras cidade que podem ser incluídas no roteiro são: Augsburg (maior cidade da Rota); Dinkelsbuhl ; e Heidelberg (embora não faça parte da Rota Romântica, é uma das cidades turísticas mais famosas da Alemanha e fica relativamente perto).
Enfim, nosso passeio pela Rota Romântica foi inesquecível. Um verdadeiro sonho, daqueles que não dá vontade de acordar. Caso tenham mais dicas ou sugestões sobre o roteiro, não deixem de fazer um comentário abaixo!